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Fé e audácia

27-08-2010 15:37

 

Fé e audácia

O fazendeiro Henrique Prata revela como deixou a pecuária e foi dirigir o Hospital do Câncer de Barretos, SP, cuja equipe atende gratuitamente quase 3 mil pessoas ao dia

por Texto Sebastião Nascimento | Fotos Marcelo Min

 

Marcelo Min
Henrique Prata conversa com uma médica na UTI do Hospital do Câncer

“A misericórdia é a expressão máxima de amor”

Deitado, o homem tem o olhar sereno. A mulher, em pé ao lado do leito, manifesta paciência e carinho, e sorri ao colocar a comida na boca do companheiro. Ele mastiga compassadamente. É visível a vontade que tem de sentir o sabor do prato cheiroso. Então, por alguns segundos, gotas de esperança salpicam os olhos dele e iluminam o ambiente. O casal ocupa um dos apartamentos individuais do Hospital São Judas Tadeu – parte do imenso complexo do Hospital do Câncer de Barretos, SP –, onde o marido recebe cuidados paliativos da equipe de médicos oncologistas e de enfermeiras focadas nessa especialidade, conforme explica a doutora Renata, que diuturnamente assiste os enfermos nas cabeceiras. São 62 os pacientes nessas condições de saúde e todos bem acomodados em outros quartos na companhia de seus parentes queridos.

“Aqui não há mais dor, e sim o aconchego dos familiares, a paz de espírito dos internados e a dedicação integral de profissionais abnegados”, afirma Henrique Prata, diretor-geral do Hospital do Câncer de Barretos, instituição que virou referência nacional e internacional ao conectar a humanização no tratamento com o emprego de tecnologia de ponta. Henrique é autor da epígrafe que encima a reportagem, adaptando-a de relatos bíblicos. No Hospital do Câncer de Barretos, ricos e pobres, sem distinção, encontram as portas abertas e o tratamento é gratuito. Quase 3 mil pessoas de todos os cantos do país são atendidas diariamente – 98% delas pelo Sistema Unificado de Saúde (SUS).

 

Marcelo Min
Público aguarda atendimento. Ao fundo, pôster de Chitãozinho e Xororó, fortes colaboradores do Hospital do Câncer

Para atender tanta gente, Henrique virou um “peregrino”, como ele próprio se define, a bater nas portas de gabinetes públicos e de empresas privadas buscando dinheiro, visto que o caixa do hospital é deficitário. “Seja Lula ou Serra, ambos ajudam bastante, mas é preciso correr atrás, e muito. O primeiro, quando ministro, abriu caminhos em Brasília, enquanto o presidente sempre teve olhos de pai para o Hospital do Câncer.” É decisivo ainda o auxílio que Henrique procura e que chega de agropecuaristas pequenos, médios e grandes – segundo ele, não fossem os fazendeiros, as obras nem teriam sido iniciadas –, de artistas, apresentadores de TV e personalidades variadas, como Chitãozinho e Xororó, Sérgio Reis, Leonardo, Zezé di Camargo e Luciano, Daniel, Xuxa e Ivete Sangalo, que declarou considerar uma sorte ajudar o projeto. Assim como outros, eles fazem visitas periódicas a Barretos e usam seu prestígio para angariar fundos para o hospital. Todos eles, cujos nomes identificam os pavilhões do Hospital do Câncer de Barretos, deram declarações incentivadoras acerca da peregrinação de Henrique em busca de recursos.

O Hospital São Judas Tadeu ganhou novas instalações destinadas aos chamados cuidados paliativos, inauguradas no dia 8 do mês passado. “São prestados cuidados especiais aos pacientes com doença avançada, fase na qual o mais importante são o conforto, a qualidade de vida e a presença dos familiares ao lado”, diz Henrique Prata, que concentrou grande parte de seu limitado tempo e investiu dinheiro pesado no Hospital São Judas Tadeu, o santo padroeiro das causas impossíveis.

A capacidade de atendimento nas novas instalações é de 80 pacientes. Eles ganharam salas de fisioterapia com vista para jardins floridos, anfiteatro, salão de convivência com música ambiente e frutas da estação ao alcance das mãos. Nos apartamentos foram construídas varandas externas, com mesa e cadeiras, para os acompanhantes permanecerem ali o dia inteiro. Por fim, uma capela foi erigida com capacidade para acomodar 140 pessoas nas missas diárias. “A palavra é dignidade. Mais que respeitar, cuidar; mais que curar, dar amor”, proclama Henrique. Segundo ele, o São Judas Tadeu é o primeiro no país a oferecer tanto conforto – clínico e espiritual – aos doentes sem cobrar. Importante: os médicos trabalham em dedicação exclusiva, assim como ocorre nos demais setores do hospital. Paulistano de nascimento, hoje com 57 anos, Henrique tinha tudo para ser mais um típico milionário do agronegócio, com seus aviões e camionetes imponentes. Está na sua essência. É fã de música sertaneja, adora rodeio e foi tricampeão da modalidade Bulldog no início da década de 1990 – nessa prova dificílima, o peão salta direto do cavalo, geralmente um quarto-de-milha, para o costado do boi e freia bruscamente o pique alucinado do bicho.

 

Marcelo Min
Prata, com o quarto-de-milha Samurai. Ele foi campeão na prova Bulldog, em Barretos

Henrique veste usualmente calças jeans justas e botas de couro de crocodilo texanas. Ele conta que sua vida seguiu o ritmo frenético das pistas de provas. Aos 15 anos, emancipado, largou os estudos e foi cuidar de uma fazenda de pecuária de corte que ganhou do avô, Antenor Duarte Vilela, um peão de boiadeiro que chegou a montar um império. Aos 20 anos, casado, amealhara uma boa fortuna com suas fazendas, mas principalmente comprando boi de outros criadores e vendendo na balança dos frigoríficos. “Chegava a comercializar mais de 5 mil cabeças ao mês”, diz ele, que se tornou um homem rico com a labuta rural. “O campo é minha essência. Nas folgas do hospital, agora cada vez mais raras, pego o burro e nos enfiamos no mato por até dez horas. Pulo da cama às 5h da manhã, faça chuva ou sol, e lá vou para o estábulo ordenhar as vacas.”

Pois esse caubói brasileiro, amigo e anfitrião de grandes nomes da música country americana, como os cantores Gart Books e Alan Jackson, pegou atalho diferente de seus colegas fazendeiros. Em 1988, o pai, Paulo Prata, que fundou o Hospital do Câncer de Barretos com a mulher, Scylla Duarte Prata (eles foram dos primeiros médicos oncologistas a atuar no interior), viu-se em dificuldades financeiras. “Diante da inflação incontrolável da época, o hospital, que era pequeno, estava dando prejuízo. Resolvi assumir a administração, pois não queria que meu pai tivesse o sonho de sua vida destruído.” Henrique lembra que sua intenção era sanear a dívida “e cair fora”. Cristão fervoroso, ele recebeu na ocasião apoio espiritual e conselhos do então bispo de Barretos, dom Antonio Mucciolo. “Ele ressaltou que um filho tem de permanecer ao lado do pai por todo o tempo necessário.” E, numa reunião, um médico de vasta experiência conseguiu provar a Henrique que, como gestor, ele poderia fazer mais pelos pobres do que os próprios doutores. Tendo coragem e comprando máquinas modernas, por exemplo. “Da noite para o dia, a decisão estava tomada. Passei as fazendas aos meus filhos, abracei um projeto gigante de meu pai e fui atrás de pecuaristas que pudessem doar 10 mil dólares. Não demorou muito e 42 deles colaboraram individualmente com essa cifra, totalizando 420 mil dólares.” Foi uma mistura de fé e audácia, afirma Henrique.

O Hospital do Câncer de Barretos é uma verdadeira cidade – e as obras não cessam. São quase 40.000 metros quadrados de área construída e em seu interior trabalham 1.800 funcionários, sendo 200 médicos. Diariamente, os milhares de pessoas chegam em ambulâncias, ônibus ou vans. Pobres, em sua maioria esmagadora, são acomodados em 13 alojamentos, com capacidade para 600 cidadãos. Há um local especialmente preparado para crianças. A cada dia são servidas 6 mil refeições e lavados 2 mil quilos de roupas no complexo todo.

A galope vai sendo erguido o Instituto de Pesquisa Contra o Câncer do Aparelho Digestivo, especializado em cirurgias robóticas e em procedimentos minimamente invasivos, ao custo de 20 milhões de dólares, também bancados por parceiros alemães, franceses e americanos. Com auxílio do Grupo Pão de Açúcar, o Hospital do Câncer Infantil, que deverá se chamar Presidente Lula, passará a atender 350 crianças – são 100 atualmente – e, no início deste ano, começou a funcionar uma unidade do Hospital do Câncer de Barretos em Jales, cidade também do interior de São Paulo.

O VENTRE DO GIGANTE
>> 3.000 atendimentos/dia
>> 98% pelo SUS
>> 1.342 municípios abrangidos
>> 27 estados
>> Deficit mensal de R$ 4,2 milhões
>> 6 mil refeições diárias
>> 13 alojamentos com capacidade para 650 pessoas (pacientes e acompanhantes), sendo dois infantis
>> 409.033 atendimentos para 97.706 pacientes em 2009
>> 6 unidades móveis de prevenção percorreram 282.090 km pelas estradas do país realizando exames preventivos de mama, pele, próstata e colo uterino
>> 1.800 colaboradores e 200 médicos que trabalham em tempo integral e dedicação exclusiva

Mais informações: tel. (17) 3321-6600

 

 

FONTE:GLOBO RURAL ONLINE.

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